ALMA GÊMEA
Edson Nogueira Paim
Porque foi embora, meu amor
Deste munso ainda cedinho
Vi desfeito nosso ninho
Não sei como, nem porquê
SEM ROTEIRO ou referência
Levanto, mas não me aprumo
Sigo à deriva, sem rumo
Minha bússola era você
PERPLEXO ainda, eu me pergunto
Porque deveria ter sido assim
Você partir antes de mim
A passos, devagarinho
Naquela tarde sombria
Na trilha do campo santo
Meu murmurio foi de espanto
Oh meu Deus, estou sozinho
PROCURO, mas não me encontro
Nem me reinventar eu posso
Espargiu tudo o que era nosso
Insisto, mas não consigo
Colimar um novo norte
Hoje vivo em desatino
Na incerteza do destino
Carente de um ombro amigo
LONGE de você, querida
Sobrevivo tão tristonho
Por fenecer nosso sonho
Sonho que chega ao fim
Todo envolto por saudades
Eu prossigo na jornada
Cambaleante na estrada
Com um vazio dentro de mim
A PENSAR em nossa vida
Um lampejo em minha mente
Resplandece de repente
Numa noite de vigília
A sonhar mesmo acordado
Atino-me satisfeito
Que você, de SEU próprio jeito
Modelou nossa família
EM INSTAN TES me interrogo
Se existir vida pós-morte
E se acontecer por sorte
Descortinar este véu
Para reencontrar Rosalda
Deveria procurá-la onde
Gustavo, mosso bisneto responde
“A vovó está no céu”