terça-feira, 12 de abril de 2011

"Corremos um risco inaceitável", afirma colega de Yuri Gagárin

Foto: Daniel Semyonov/AFP Zoom Criança brinca com réplica de aeronave usada por Yuri Gagárin em frente à foto do astronauta Criança brinca com réplica de aeronave usada por Yuri Gagárin em frente à foto do astronauta

Do Metro

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Há exatos 50 anos, no dia 12 de abril de 1961, o astronauta soviético Yuri Gagarin realizou a primeira viagem do homem ao espaço. Essa vitória só foi possível graças aos engenheiros do programa espacial soviético, liderados por Sergei Korolev. Um dos ajudantes mais próximos de Korolev era Boris Chertok, engenheiro-chefe responsável pelos sistemas de controle do voo de Gagarin.

Como era o trabalho na equipe de Korolev?

Ele era um verdadeiro ditador! Muitas vezes tínhamos discussões quentes. Apesar disso,  Korolev possuía uma grande qualidade: ele sabia ouvir. Além disso, ele era muito intuitivo. No nosso primeiro encontro, em 1945 na Alemanha, ele apertou a minha mão e disse: “Tenho certeza de que ainda teremos muitos outros encontros importantes como este”.

A decisão de enviar um homem ao espaço foi bem aceita por todos na equipe?

Essa ideia surgiu depois de que começamos a construir os satélites. Mas além disso, havíamos recebido a notícia de que os norte-americanos estavam preparando o lançamento do seu primeiro astronauta ao espaço. Isso trouxe um clima insuportável à Guerra Fria, e então o próprio Nikita Khrushchev (líder da União Soviética) criou a missão espacial.

No dia do lançamento, 50 anos atrás, você tinha certeza do sucesso da missão?

No total, apenas duas das nossas seis tentativas de lançamento anteriores tinham dado certo. Pelos padrões de segurança de hoje em dia, era um risco inaceitável!  Enquanto viajava na cápsula espacial, Gagarin tinha que fazer um relatório, que foi um desastre: o rolo de filme utilizado para gravar o relatório de bordo escapou e ele teve de pegar um lápis para fazer suas anotações, mas flutuou para longe devido à gravidade zero. No entanto, o que foi gravado nos ajudou a analisar o voo. No final, nós entregamos o relatório com bastante atraso, já que a euforia pelo sucesso do voo era muito grande. Sabíamos que o risco era enorme, mas quem não tem coragem não pode beber o champanhe.

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